Prefeitura implantará sistema que mostra em tempo real fluxo de atendimento no Socorrão II
A iniciativa integra as ações que vêm sendo colocadas em prática pela gestão do prefeito Edivaldo visando mais qualidade e agilidade no atendimentos; sistema possibilitará às equipes tomar decisões mais rápidas sobre o atendimento em diversos setores
Com novas medidas, Socorrão II desafoga atendimentos e tira pacientes dos corredores. A Prefeitura de São Luís está trabalhando na implantação de um novo dispositivo de alerta luminoso que indicará o real fluxo de pacientes do Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II) . A ação reforça a política de saúde da gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior e é coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus). A medida visa orientar os profissionais de cada setor na tomada de decisões imediatas visando à agilização do atendimento aos pacientes e à fluidez dos serviços no hospital que tem diminuído drasticamente a permanência de pacientes nos corredores. O dispositivo é mais uma ação que integra um conjunto de melhorias concretas executadas pelo município para a otimização do fluxo de atendimento no Socorrão II resultado da implementação do projeto Lean nas Emergências, instituído pelo Ministério da Saúde com consultoria do Hospital Sírio-Libanês para dinamizar o atendimento em emergência de hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O secretário municipal de Saúde, Lula Fylho, conta que o dispositivo é físico e composto por lâmpadas indicativas por cores (branca, verde, amarela e vermelha), que serão colocadas em pontos estratégicos do hospital para que todas as equipes dos setores envolvidos tenham visibilidade. Elas serão acionadas para alertar a real situação da lotação do hospital naquele exato momento. O dispositivo integra o Plano de Capacidade Plena (PCP), que está sendo implantado no Socorrão II elencando um conjunto de ações que devem ser adotadas para a diminuição da superlotação da unidade.
“Nesse plano identificamos alguns gatilhos que vão mostrar em que nível de capacidade o hospital está. Em cada nível vai acender uma luz específica. A de cor branca, por exemplo, mostra que a lotação está em nível 1, o que indica que há pacientes entubados no pronto-socorro aguardando leito de UTI. O trabalho é feito de forma integrada e cada setor ou profissional saberá agir em cada situação em sua área, para melhorar o fluxo ao ser alertado da lotação da unidade. Todas estas medidas integram o plano de ação da gestão do prefeito Edivaldo para a área da saúde”, explicou Lula Fylho.
Já em nível 2 de superlotação, por exemplo, acenderá a luz amarela, conforme observa o secretário. Esse é o nível intermediário de superlotação. A vermelha alerta a lotação máxima permitida, o que acarretará um envolvimento ainda maior de todas as equipes do hospital. A luz verde indica que o hospital está atendendo dentro se sua capacidade normal. O sistema será operacionalizado pelos enfermeiros do pronto-socorro, que têm uma visão geral da lotação.
Para discutir a operacionalização do Plano de Capacidade Plena (PCP) do Socrrão II, a equipe de profissionais do Hospital Sírio-Libanês realizaram esta semana reunião do Projeto Lean nas Emergências. Participaram do encontro profissionais de cada setor do pronto-socorro, e o dispositivo de alerta luminoso foi um dos pontos discutidos.
Segundo o médico do projeto Lean nas Emergências, Gustavo Schulz, os resultados obtidos a partir da implantação das medidas do projeto são gigantescos. “A melhora do atendimento aqui no Socorrão II é perceptível. Da primeira reunião que tivemos aqui até hoje, percebemos a imensa diferença, com fluxo muito mais ágil e as decisões sendo tomadas em um processo muito mais rápido e eficaz. E o Plano de Capacidade Plena é crucial para melhoramos ainda esses fatores, pois o pronto-socorro não lota de uma hora pra outra, mas sim com o aumento gradual e a falta de saída de pacientes. Então, com a medida, conseguimos identificar isso em tempo ágil e todas as equipes saberão o que fazer para devolver o hospital aos índices normais de rotina. As ações são previamente elencadas para que cada um tome decisão acertada”, disse Gustavo Schulz.
Segundo Schulz, a melhoria do fluxo na unidade pode ser traduzida em números. Segundo ele, antes da implementação do projeto Lean nas Emergências, o Socorrão II já chegou a apresentar um índice NEDOCS de 2.100 (indicador americano de superlotação em emergência hospitalar, validado no Brasil, cujo índice aceitável é abaixo de 50). Após à implantação das ações na unidade, esse índice já chegou a registar um pico de 49. “Um valor que para a realidade brasileira é espetacular”, frisou Gustavo Schulz.
O médio do Lean nas Emergências também aponta outro indicador positivo apresentado no Socorrão II: o indicador LOS – Lenght of Stay, outra sigla internacional que mede o tempo de espera nas unidades de emergência. No Socorrão II, esse índice caiu 50%, no quesito ‘tempo do paciente que não interna’, que era de quatro horas e meia e baixou para cerca de duas horas.
NOVAS SALAS
Além desse novo dispositivo luminoso de alerta sobre a lotação da unidade, outras medidas também foram executadas para a melhoria do fluxo de paciente no Socorrão II. Entre elas estão a inauguração de novos setores assistenciais inéditos na saúde do Maranhão, como a criação da Sala de Curta Permanência e a Sala de Decisão Médica.
Sobre os novos setores criados para melhorar o fluxo de pacientes e evitar filas de espera, o secretário municipal de Saúde, Lula Fylho, explicou a funcionalidade desses espaços. Segundo ele, a Sala de Curta Permanência é o local onde o paciente que teve indicação de internação fica hospitalizado por até 72 horas, período em que é avaliada sua permanência. Dependendo da necessidade do paciente, este poderá seguir também para um leito dentro do próprio hospital ou de transferência, de cirurgia ou obter alta médica.
Também foi implantada a Sala de Decisão Médica, um novo espaço onde o paciente fica após ser atendido nos consultórios do pronto-socorro, aguardando a realização de exames laboratoriais ou de imagem. Quando os resultados dos exames são disponibilizados, o médico sai do consultório e reavalia o paciente nessa sala para decidir sobre o desfecho do seu tratamento. Na Sala de Decisão Médica, também permanece uma equipe de enfermagem realizando os cuidados na área e acompanhando os pacientes na realização dos exames. O paciente é acomodado de forma confortável nesse ambiente até nova avaliação de seu quadro clínico.
Agora, com a nova dinâmica de trabalho implementada no Socorrão II, o paciente que chega em situação de emergência e necessita de intervenção imediata de até 10 minutos terá atendimento realizado nas salas vermelha e laranja. A equipe responsável pelo atendimento está treinada para atender pacientes graves e dar a melhor condução ao tratamento necessário.
ORGANIZAÇÃO
As primeiras atividades do Lean nas Emergências foram desenvolvidas baseadas no método 5S, que resultou em um ambiente assistencial muito mais organizado, limpo e sem desperdício de insumos. Ao longo desses 45 dias foram feitas também mudanças no layout do pronto-socorro, alterações de fluxos, abertura de novos setores com intuito de prestar uma assistência mais adequada aos pacientes e treinamento da equipe profissional da unidade.
“O resultado de todas essas ações iniciais, que seguem orientação do prefeito Edivaldo, é que as melhorias já podem ser percebidas pela população atendida no pronto-socorro, hoje com considerável redução das filas de espera, atendimento mais ágil e corredores livres das macas com pacientes esperando por procedimentos. Além do trabalho focado no pronto-socorro, os resultados obtidos até então também são frutos do empenho de todas as equipes envolvidas: direção, núcleo de qualidade, coordenações da emergência, entre outros, que atuam exercendo uma gestão compartilhada e com apoio da Semus. Para isso, a equipe do Socorrão II vem desenvolvendo ações também com o intuito de envolver todos os setores hospitalares, de forma sincronizada e cooperativa. Desse modo, o ambiente de melhorias tem trazido satisfação não apenas para os pacientes, mas também para os servidores do hospital”, ressaltou Lula Fylho.
METODOLOGIA
A nova dinâmica de atendimento que o projeto Lean nas Emergências promove no Socorrão II resulta de uma ferramenta cuja filosofia de gestão é direcionada para a melhoria dos processos administrados visando assegurar fluxos contínuos e eliminação de desperdícios e atividades de baixo valor agregado. A consultoria do Hospital Sírio-Libanês na implementação da ação ajuda a identificar essas oportunidades de melhoria de fluxos e processos na unidade. A partir das primeiras instruções recebidas da equipe do Sirio-Libanês, foi possível ainda reordenar algumas rotinas de atendimento e o fluxo de protocolos, proporcionando mais agilidade que resultou no tempo menor de espera do paciente.
A execução do Lean nas Emergências no Socorrão II iniciou em dezembro do ano passado. O projeto treina e auxilia os profissionais do hospital na implementação de ações para garantir agilidade e eficiência nos processos de urgências realizados no hospital. Entre as ações estão a implantação de procedimentos e protocolos clínicos de urgência e emergência, com o desenvolvimento de ferramentas de gestão que facilitam e melhoram o fluxo e, também, o acesso das equipes às informações e dados do sistema de atendimento da unidade.
O Lean nas Emergências integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi/SUS), que tem como objetivo implantar melhorias no atendimento e consolidar práticas resolutivas que reduzam a superlotação nas portas de entrada dos serviços de urgência e emergência do SUS.
Por Caio Hostilio