“O Projeto Lean nos ensinou a promover o uso eficiente dos leitos, a controlar a superlotação hospitalar – levando-a a níveis aceitáveis de segurança para os pacientes -, e a aplicar estratégias para integração das questões administrativas com as assistenciais.
Nossa experiência com o Projeto Lean foi de identificar os nossos gargalos, reconhecer as nossas limitações e, acima de tudo, criar planos de ação para corrigi-las.
No início do processo, tudo parecia um sonho muito distante de ser alcançado. Conseguir diminuir a superlotação em tão pouco tempo, sem investimento na estrutura e no RH, acreditando apenas no envolvimento de toda a equipe multidisciplinar, na mudança de cultura e paradigma não parecia ser uma realidade plausível.
Após o curso que foi realizado pelo Sírio-Libanês, no final de julho, compreendi melhor a proposta e comecei a acreditar que este sonho impossível poderia se tornar possível. Abracei com garra e paixão o Projeto e, em agosto, quando iniciaram as visitas da equipe do Hospital Sírio-Libanês, o possível foi se tornando, a cada encontro, a cada ferramenta apresentada, destino certo. Não tinha como dar errado. Os conceitos do 5S, do VSM e do Espaguete, a dinâmica do Huddle e do PCP nos deram a direção.
Foi desenvolvido um dedicado trabalho de sensibilização das equipes e os resultados foram se fazendo sentir com o envolvimento cada dia mais efetivo dos seus membros, o que veio agregar grande força intelectual e braçal à execução do Projeto. Médicos, enfermeiros, unidades de apoio (serviço social, hotelaria, gasoterapia, manutenção, farmácia etc.) e unidades administrativas, apáticos no início, estavam, em pouco tempo, comprometidos e empenhados em alcançar o melhor resultado.
Hoje consigo ver este sonho se tornando realidade. O trabalho evolui a olhos vistos: o gerenciamento de leitos mais eficaz culminou num fluxo mais dinâmico que nos proporcionou corredores livres e pacientes adequadamente acomodados; o menor tempo de passagem e menor tempo de espera para internação registrados diariamente, no momento aponta uma redução em torno de 49% nos números do NEDOCS, indicador da superlotação.
Foram realizadas mudanças estruturais como realocação da classificação de risco, sala de registro, eletrocardiograma e consultórios médicos – antes distantes um do outro. Hoje todos estão reunidos na mesma ala, próximos ao hall de entrada, o que ajudou no equilíbrio de espaço e tempo para atendimento de passagem rápida. Foram criados mapa de fluxo de valor, cardápio de exames e alta programada que dinamizou de forma primorosa o fluxo do pronto socorro.”